Nesse último artigo do ano gostaria de deixar um aviso de alerta aos empresários.
O ano de 2010 começará com euforia, pois para superar a crise financeira que surgiu em 2008 vários segmentos foram protegidos por benesses em 2009. Isto no mundo todo.
Afinal, se a indústria automobilística, a indústria de construção civil, assim como o sistema financeiro, tivesse quebrado, teríamos um tsunami econômico/financeiro.
As reais causas da crise ainda não foram resolvidas, vivemos momentos perigosos, pois o modelo vigente que tem como lastro o dólar e a confiança mundial sustentada pelos títulos do tesouro americano foi mantido para não deixar o andor cair, mas no médio e longo prazo o sistema financeiro atual está falido.
O santo precisa de outro andor ou vai cair. O santo é a economia mundial.
Fiquem tranqüilos, pois todos os presidentes dos bancos centrais em todo o mundo já sabem disso, o que é bom.
Os chineses como estão com muitas fichas nas mãos e podem quebrar a banca estão agindo com sabedoria chinesa, ou seja, sabedoria secular.
Se o santo quebrar eles quebram juntos, pois são hoje proprietários importantes deste santo. Em Copenhague não se fizeram de rogados em não se comprometerem com as metas da nova economia de baixo carbono, pois seu nível de crescimento hoje é que segura a economia, mesmo que em detrimento da ecologia.
Como somos nós, Brasil, a bola da vez, pela nossa riqueza natural, pelo equilíbrio das contas financeiras, pela população e pelo mercado de consumo grande com renda crescente, estamos vivendo um momento de conforto e de possibilidades reais de ser país de primeiro mundo.
Aí mora o perigo!!!
A zona de conforto e o sucesso nunca foram bons conselheiros e a realidade da vida para pessoas, empresas e nações mostraram que os grandes desastres ocorrem neste ambiente.
Estamos discutindo a divisão e a aplicação dos resultados financeiros e rendimentos do pré-sal, querendo antecipar receitas de riquezas potenciais e passamos a agir como se já fossemos desenvolvidos e ricos.
Como novos ricos, começamos a gastar mais do que ganhamos, vivemos de status, de uma posição de prestigio, “este é o cara”, e até estamos mudando o rumo do rio da unidade nacional a um preço que nos deixará secos lá na frente.
A transitoriedade do cargo de Presidente da República é normal e natural em qualquer democracia, mas aqui atemoriza o grupo que está no poder, no momento da festa e da grande euforia, como se o país estivesse blindado e não fosse parte da Economia Mundial.
Fazer a sucessora passa a ser a prioridade número um.
Para isto, ter os empresários das áreas financeiras, automobilística, linha branca, construção civil e agora a moveleira com isenção fiscal é garantia de apoio eleitoral.
Para outro público, ter a rede de proteção social é também garantia de votos.
Time que está ganhando não se mexe, é a máxima para os que estão se dando bem.
O preço destas ações e o custo em se manter a euforia virão a partir de 2010 e com certeza em 2011.
Em médio prazo já se fala em aumento de juros, déficit do balanço comercial, sucateamento da indústria (principalmente dos médios e pequenos empresários), quebra do sistema previdenciário e algumas outras mazelas.
As reformas política, fiscal, tributária, trabalhista, previdenciária e da justiça – Bom... Estas ficam para as calendas gregas.
Estou passando uma mensagem pessimista?
Creio que não, pois Lula e PT passarão como todos já passaram, e o Brasil continuará.
O que creio venha ser uma atitude positiva, é não fazer vistas grossas e não ser cúmplice das omissões e das ausências de ações que são necessárias e importantes para um crescimento justo, sustentado e harmônico.
Devemos exigi-las e cobra-las.
Não devemos nos intimidar pela popularidade do Lula que é reflexo de um trabalho coletivo e de todos, que ele soube se apropriar com inteligência e argúcia, mas poderá jogar fora engolido pela sua ambição de poder.
Os empresários precisam estar atentos aos seus negócios, cuida-los com atenção para que atendam e superem as expectativas dos seus clientes, investir nos seus clientes internos, seus talentos, para que evoluam e acompanhem o processo de mudanças do mundo.
Os empresários precisam estar junto aos seus fornecedores exigindo projetos de produtos e serviços verdes e um compartilhamento de gestão as reais realidades das necessidades e expectativas deste grande mercado de consumo chamado Brasil.
Como líderes não podem se enganar pelas benesses de curto prazo e devem exigir dos políticos, com uma visão de negocio de médio e longo prazo, medidas e reformas que dêem sustentabilidade ao país.
O empresário como dirigente que tem força política em suas cidades e bairros precisa atuar como dirigente comunitário mostrando esta força para o bem da coletividade.
Afinal, todos sabemos que o santo é de barro e quanto mais alta a aparente estabilidade, maior será o tombo.