segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A confissão de Alan Greenspan, seu mea culpa

No dia 23/10/2008 em Washington no plenário do Congresso disse para o comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes (Câmara Baixa) e para a imprensa de todo o mundo, o então todo poderoso Presidente do Federal Reserve de 1987 à 2006 que “está em choque e não pode acreditar como os bancos e as empresas financeiras não se vigiaram e controlaram a si próprias, que é com o que ele e outros responsáveis de supervisão no governo contavam”.
Realmente, mais uma vez ele foi brilhante, transparente e direto.
As poderosas empresas Bear Steams, Fannie Mae, Banco IndyMac, Freddie Mac, Banco Lehman Brothers, Seguradora AIG, Golden Sachs, Marrill Lynch, Morgan Stanley, Washington Mutual e muitas outras que ainda quebrarão, se destruíram, se auto imolaram , enterrando muitas delas anos de tradição e levando para o túmulo poupança de fundos de pensão e reservas de países poupadores.
Foi a ausência de regulamentação a causa?
É claro que não. No meu ponto de vista.

Foi a cobiça desenfreada, o lucro fácil, a ambição desmesurada destas organizações.
Os problemas e as “causa mortis” não estavam fora e sim dentro, no âmago destas empresas.
Mas a causa origem disto está na ação humana, no egoísmo de executivos inescrupulosos que visavam apenas seu enriquecimento pessoal.
Os bônus fartos, salários milionários e participação direta nos resultados geraram um perfil de executivos que visam apenas lucro para si.
Boa governança cooperativa, sustentabilidade empresarial, postura ética e valores, respeito e resultados aos clientes e aos talentos da organização não eram seus objetivos, mas apenas imagens compradas para marketing por quem tem altos lucros. Criou-se um perfil de assassinos empresariais, chamados matadores de custos.
Pois este tipo de executivo foi e ainda é herói, capa de revistas de negócios e assuntos de revistas especializadas. Na revista Exame desta semana, identifiquei pelo menos três.
É meu caro Alan Greenspan, eu te entendo quando afirmas que não imaginaria que empresas deste porte agiriam de forma irresponsável e inescrupulosa, ao ponto de estarem se auto-eliminando e desaparecendo do mercado.
E estes executivos onde estão?
Na minha vivência e experiência de 40 anos de empresário e consultor de empresa ainda vejo muitos deles continuando e agindo assim, com o beneplácito de empresários, conselhos de administração e talvez acionistas, também, inconseqüentes senão inescrupulosos.
Deus nos livre deles.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Equilíbrio Dinâmico

Arthur Koestler quando nos brindou com sua Teoria dos Holons nos mostrou que o único equilíbrio que existe é o equilíbrio de hoje. E o mundo está sempre em equilíbrio.
O equilíbrio de ontem, já não conta mais.
O equilíbrio de amanhã será novo e imprevisível, pois amanhã é um outro dia.
A velocidade das informações em tempo real e a globalização do sistema financeiro do mercado, queiramos ou não, já é uma realidade observável e patente.
O sistema financeiro hoje é universal e estabelecido de forma irreversível.
Os vasos comunicantes do dinheiro fluem entre si,quando por falta de crédito estes vasos se obstruem, temos o enfarto e há o risco de quebra do sistema, com o estrangulamento de toda a Economia.
Hoje todos os presidentes de Banco Central do mundo estão tentando manter o fluxo do dinheiro.
O que se tenta recuperar?
Que esforço se faz para manter o fluxo do dinheiro?
Uma coisa que se chama crédito.
Pois a falta de crédito é a causa do bloqueio das artérias do dinheiro.
Por que não há crédito? O que está nos levando a esta situação agora?
Aí vamos para a causa de tudo.
Não há crédito se não houver confiança.
O grande problema hoje é a falta de confiança, pois se quebrou o bom senso e a transparência ao se dar crédito fictício ou podre para se ganhar mais.
As entidades que ludibriavam as regras, já quebraram, falta ir atrás dos responsáveis pela fraude.
Vai se levar algum tempo até haver novas regras, se recuperar confiança, estabelecer-se crédito real e o dinheiro cumprir seu papel de poder de compra no dia a dia.
Aqui eu me lembro do que meu pai dizia: “Na vida para se dar bem é preciso ser malandro e rico”.
Ele explicava “A maior malandragem é ser sempre transparente e honesto. Ser rico é não ter dívidas financeiras, morais ou de favores.”
As empresas, independente de seu tamanho, idade ou ramo de negócio, que atuam com transparência, ética, dignidade, bom senso, mesmo que percam algo com a crise, terão agora a grande oportunidade do crescimento sustentável e como manter sua perenidade.
Haverá com certeza quebra de empresas e uma purificação no mercado.
O equilíbrio dinâmico de hoje é frágil, pois estamos atravessando a turbulência em direção a um mundo melhor.
Assim como no futebol , quando as regras forem claras e universais todos estarão participando sejam torcedores, jogadores, locutores, juízes ou gandulas. As regras quando iguais e fiscalizadas por todos recuperarão a transparência, a credibilidade e a confiança e quem estiver mais bem preparado deverá estar melhor no livre mercado.
Boa sorte a todos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Acabou a "exuberância irracional"

“O sistema financeiro do mundo implodiu”

O mundo próspero, de crescimento sem fim, de riqueza fácil, com crédito abundante e sem perspectivas de riscos, onde se ganhava sem se produzir acabou.
Este equilíbrio dinâmico, construído pela fantasia e má fé das cabeças financeiras que criaram lastros fictícios e ludibriava a sustentação do equilíbrio da economia real, não existe mais.
Quando um sistema implode, ele se acaba, ele é como uma bolha, seu equilíbrio de sustentabilidade dinâmica desaparece e como um efeito dominó derruba todas as outras peças da Economia.
É possível corrigir ou recuperar este sistema?
A resposta é não, no meu ponto de vista.

“Sucesso tem fim”

O sucesso como a palavra diz é aquilo que se sucede. Ele é dinâmico e passageiro.
O sucesso pessoal, empresarial, de uma nação ou da economia mundial gera uma zona de conforto, uma zona de relaxamento e abusos por excesso de segurança e confiança e dá a sensação de que é permanente, estático e sem riscos.
Isto geralmente leva a grandes desastres.
_
A “exuberância irracional” que o mundo experimentou de acordo com o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, já era o indicador do fim de um ciclo.
Hoje não há crédito e o pior não há confiança, que é a base de tudo.

“A realidade acaba com a fantasia. Viva a realidade”.

Colocar dinheiro bom em cima de dinheiro ruim não é uma coisa racional.
Sempre que alguém não realiza o prejuízo, tenta sustentar os erros de algo que já não existe. É suicida a filosofia do apostador, "vou apostar o que resta para recuperar o perdido".
A gravidade do momento e da nova situação da economia real não aceitará mais discursos ufanistas, pirotecnias ou jogadas políticas.
Ficou claro que o sistema financeiro é hoje globalizado e não gira mais em torno de Wall Street.
A Economia Global está multi polarizada e todos os parceiros e países precisam sentar-se a mesa para estabelecer as novas regras do crédito e da confiança.
Enquanto isto o crédito estará congelado e a economia real entrará em compasso de espera ou marcha lenta.
Fica aqui a esperança para que logo se estabeleça por parte dos bancos centrais de todo o mundo as novas regras financeiras e se estabeleça a confiança no processo ao se criar as regras de um crédito sustentado. Surgirá um novo sistema financeiro.
Quanto mais cedo isto ocorrer, mais cedo criaremos as bases de um novo ciclo de prosperidade.
O mundo real quer crescer, quer ficar melhor, mais transparente e mais ético.
Tenhamos neste momento muita calma e atuemos com confiança e da melhor maneira possível nas nossas atividades fins do mundo real.
Chutar o pau da barraca ou procurar bodes expiatórios não será solução.