sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Brasil, o queridinho do mundo?

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É natural que estar com o ego estufado e ao mesmo tempo estar na zona de conforto leva qualquer um à sensação de estar feliz e ao mesmo tempo desatento aos riscos eminentes.



Com um país a situação se repete.

O Brasil vive um bom momento, e o nosso presidente com uma aprovação de 80% no fim do seu mandato entrou em órbita.

Lembram-se da velhinha que morreu depois de ter uma vida exemplar e santificada?
Sua alma subiu rapidamente para o céu e já ia passando pelo mesmo, não fosse São Pedro gritar e dizer a mesma.
- Fale um palavrão.
Quando chegou ao céu a velhinha reclamou de São Pedro ter dito seu único palavrão, e perguntou ao mesmo:
- Por que isto?
São Pedro respondeu:
- Porque a senhora passaria do céu e entraria em órbita.

Acredito que sua santidade Lula da Silva, provavelmente, não falará o palavrão ao receber o adeus de seus fiéis após o fim de seu mandato.

Paul Krugman
O premio Nobel de economia em 2008, Paul Krugman, em entrevista no dia 05 de setembro a Leandro Modé, do jornal O Estado de São Paulo, ao responder a pergunta:
- Qual a principal mensagem o sr. trará ao Brasil em sua visita?
E Paul respondeu:
- O Estados Unidos, Europa e Japão estão ainda em crise, apenas contiveram a fase mais aguda, mas os desafios cresceram. Há um risco de uma longa estagnação nas maiores economias e as pessoas precisam saber disto. Quanto ao Brasil ser o queridinho dos mercados financeiros é uma situação perigosa, há pouco era o México, a Argentina, a Estônia, …

O cenário de crescimento mundial que tanto beneficiou o Brasil já terminou em 2008, nosso crescimento no ano passado foi de 0%, este ano será de 7%, mas fizemos a lição de casa?

(1) Leia depois o artigo: "Meu aniversário, Grécia e Marina Silva"
O link está logo no final do artigo.

Há sustentabilidade em nossa evolução micro e macro econômica?

Quais os obstáculos esperam o presidente a ser eleito?

Suely Caldas
Suely Caldas, economista, em seu artigo de 05 de setembro no jornal O Estado de São Paulo, colocou de forma sintética as bombas a serem desarmadas:





Reforma do Estado:
É o pior legado de Lula. Para acomodar companheiros, ele duplicou o número de ministérios, gerando gastos desnecessários. Para comprar partidos aliados, loteou o governo e o Estado com políticos despreparados e a serviço de seu partido, não da população. Tirou o caráter técnico, politizou e enfraqueceu as agências reguladoras, prejudicando a eficiência da renovação e fiscalização dos serviços públicos. Com isso a corrupção prosperou e predominou em seu governo.
Seu sucessor precisa desfazer esse aparato, eliminar ministérios inúteis, capacitar tecnicamente os funcionários nas funções de planejar e regular, economizar recursos direcionando-os para saúde, educação, saneamento, segurança e programas sociais. E, já na partida, dar um freio de arrumação na distribuição de cargos, valorizando funcionários de carreiras e oferecendo à sua base aliada cargos de representação política, deixando os técnicos para quem for capacitado.

Relação com o Congresso:
Se no governo FHC já existia o toma lá dá cá, entre Executivo e o Congresso, na gestão Lula virou regra comum. Não havia uma matéria em que, para votar, deputados e senadores não cobrassem favores, cargos, liberação de verbas. Desde o mensalão, no primeiro mandato, Lula mostrou-se fraco, cedeu e foi cedendo aos caciques do PMDB e demais partidos até tornar o toma lá dá cá uma norma corriqueira.
O novo presidente precisa entrar mostrando força, invertendo essa relação perniciosa que desmoraliza a imagem do Congresso, decepciona e reforça a percepção dos eleitores de que “ali não se salva ninguém”.


(2) Leia depois o artigo: "O Brasil de 50 anos atrás e o de hoje."
O link está logo no final do artigo.

Dívida pública:
O preço do sucesso do governo Lula na economia – a expansão dos programas sociais, o crescimento econômico e geração de empregos – foi o aumento do endividamento. E não vacilou em ampliar a dívida pública para emprestar dinheiro para o BNDE, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal repassar em créditos de investimentos às empresas e à Petrobras. E a dívida bruta hoje já ultrapassa 60% do Produto Interno Bruto (PIB).
Quando era possível amortizar o valor principal, nos primeiros 6 anos de prosperidade e expansão da arrecadação tributária, Lula não o fez e preferiu optar pelo aumento dos gastos correntes. Com isto o estoque da dívida continuou subindo. O novo presidente vai enfrentar o desafio de fazer o oposto; não se limitar a pagar só juros, retomar o bom hábito de amortizar, abater o valor total e ganhar mais segurança para atravessar seu mandato com menor risco de crise.

Gastos públicos:
Organizar o que Lula desorganizou, definindo prioridades e concentrando gastos em itens que façam a diferença para a qualidade de vida da população mais pobre. Ou seja, melhorar o atendimento em hospitais públicos, capacita-los para aumentar o numero de cirurgias e ampliar o orçamento para Ministério da Saúde. Também na educação qualificar professores, reduzir o analfabetismo funcional, oferecer ensino de qualidade. E ampliar gastos também para a segurança e o saneamento básico.

Investimento em infraestrutura:
Apesar do bom desempenho econômico, Lula vai concluir seu mandato com uma taxa de investimento medíocre de 17,9% muito abaixo dos 25% necessários para garantir um ritmo sadio de crescimento econômico.
O Estado até expandiu investimentos na reta final do governo como o PAC, o programa Minha Casa, Minha Vida e a promessa do pré-sal. Mas, para atrair investimento privado em infraestrutura, o governo Lula fez tudo errado, a começar pela politização das agencias reguladoras e sucessivas mudanças em marcos regulatórios, que geram insegurança e afastam investidores. É mais um setor que um novo governante precisa virar pelo avesso para obter bons resultados.

Investimentos específicos:
Há três projetos que precisam de uma reavaliação. São a Usina de Belo Monte, o modelo da exploração de petróleo da área de pré-sal e o trem bala entre Campinas e Rio de Janeiro. Entre a concepção e a execução os três apresentaram dificuldades que a razão aconselha a reavaliação.
O investimento de Belo Monte nasceu privado e vai terminar estatal, por que dúvidas quanto a rentabilidade afastaram investidores privados.
A complicada capitalização da Petrobras para obter recursos para obter o pré-sal é apenas o começo das dificuldades que a estatal enfrentará para custear a maior parte destes investimentos. Seria o caso de o novo governo pensar em mudar o modelo e dividir este custo com outras empresas privadas.
E o trem bala, o sugador de dinheiro público de tão poucos benefícios, seria mais recomendado desistir dele e redirecionar os recursos para áreas mais carentes.

Reformas estruturais:
Por ultimo, mais de importância fundamental para a eficiência da gestão pública estão as reformas – política, tributária, previdenciária e trabalhista. Sem elas, o novo governante vai trabalhar como FHC e Lula: emperrado, limitado, e dependente das circunstâncias.





Fica aqui uma pergunta para nós.

Dos dois candidatos que restam e da nova liderança de Marina Silva, que pode contribuir, quem está melhor preparado e poderá vir a desempenhar com sucesso este novo desafio?


(3) Leia depois o artigo: "Economia de mercado, eleições e Marina Silva."
O link está logo no final do artigo.


Acredito, como ingênuo que sou, que o povo brasileiro saberá democraticamente escolher.

Da minha parte eu vou votar em José Serra neste segundo turno.




Links dos artigos relacionados, e que sugeri que leiam:
(1) Artigo: "Meu aniversário, Grécia e Marina Silva"
(2) Artigo: "O Brasil de 50 anos atrás e o de hoje"
(3) Artigo: "Economia de mercado, eleições e Marina Silva"

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente artigo, como sempre.

Jefferson Sbardella