segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Expectativas para 2009

Expectativa significa aquilo que esperamos segundo Aurélio Buarque de Holanda, vem do latim spectatus.
A expectativa é sempre um devaneio, ela está, no campo do imaginário, do sutil, dos desejos, dos sonhos.
Nenhuma expectativa é real e sustentável e, além disso, é pessoal e muda a cada informação ou conhecimento novo.
Todos vivemos no aqui e agora a realidade das necessidades conhecidas e concretas, mas tentamos fantasiosamente nos antecipar ao futuro.
Todos desenvolvemos de certa forma a competência da visão do futuro que é a capacidade de perceber o futuro com diferenciação.
Temos realmente necessidade de ter um norte para saber para onde vamos.
Sêneca desde a Grécia antiga já dizia “Não há bons ventos para quem não sabe para onde vai”.
Estamos virando mais uma página. Chegou 2009.
Quanto maiores e fantasiosas forem as expectativas que criarmos, mais sujeitos a decepções estaremos. Quanto mais serenos e dentro das realidades que nos circundam, mais inseridos no contexto estaremos.
Se 2008 foi um ano de crescimento desordenado, enganações e rompimento de vários sistemas, 2009 será um ano de reflexões, transformações e arrumação da casa.
Sístole e Diástole é o pulsar da vida.
O ano de 2009 trará muitas oportunidades, pois nas mudanças reais poderemos descartar muitas coisas desnecessárias e velhos conceitos que nos levaram a desastres e perdas e descobrirmos aquelas essenciais e simples que estão escondidas dentro de cada um de nós.
A minha expectativa é que 2009 seja em todo o mundo um ano de realidade, de produção, de produtividade e de respeito e menos de especulação, de alavancagens, desperdícios e desonestidade.
A minha expectativa é de que sejamos mais solidários e colaborativos e menos indiferentes e egoístas.
A minha expectativa é de que haja mais satisfação dos clientes e sustentabilidade das empresas e menos lucros exorbitantes e crescimentos fantasiosos e irrealistas.
A minha expectativa é de que a consciência de que eu dependo de você e você depende de mim nos aproxime.
A minha expectativa é de que como agente de mudanças que somos atuemos com mais amor, compreensão e firmeza junto às pessoas que fazem parte de nossa vida.
A minha expectativa é de que 2009 venha a ser um ano de muita evolução para todos.
Crescer não é evoluir
Crescer é ficar maior
Evoluir é ficar melhor.
Um feliz 2009.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um novo momento, um novo mundo.O que fazer?

"Não existe mão invisível, muito menos na economia de mercado, hoje influenciada pela globalização financeira”, afirmou Hazel Henderson, presidente do Ethial Markets Media e autora de Mercado Ético (Cultrix).

Em seu artigo “go home, Chicago Boys” publicado no Estado de São Paulo em 21 de setembro de 2008, ela desvendou a versão de mercado da escola de economia da Universidade de Chicago, chefiada por Milton Friedman que juntou ao ingrediente liberdade e democracia, ganância, egoísmo, individualismo e “curto prazismo” à condição de filosofia moral que teve forte influência nos EUA e Inglaterra, colocando em risco o liberalismo econômico.
No meu ponto de vista a Sra. Henderson aponta para a maior dificuldade e ou obstáculo em se restabelecer a confiança no sistema financeiro e ao livre mercado. É a cultura do individualismo e do lucro a qualquer custo e no menor prazo.
A luta capitalismo X comunismo com seu ranço de luta de classes e base ideológica discutindo se é função do Estado ou da livre iniciativa ter o controle do capital nos levou às guerras e destruições no século XX, o que não nos traz saudades.
No meu ponto de vista um falso dilema é se ter a regulamentação nas mãos do Estado ou nos agentes que controlam o mercado livre.
A democracia e a globalização da informação vai se estabelecendo no mundo criando as condições para que o exercício da liberdade da escolha e do controle esteja no próprio mercado.
Regras claras do jogo e do sistema financeiro, quando forem aceitas por todos os mercados e homologadas pelos bancos centrais, irão permitir, aí sim, uma arbitragem universal por um agente determinado criado para isto.
Cada indivíduo, cada empresa e cada país vão se posicionar com liberdade e com suas políticas próprias, mas dentro de um sistema transparente a todos os milhões de aplicadores de todo o mundo. E cabe a estes fiscalizar.
Utopia?
Eu creio que não.
O exemplo do futebol, mais uma vez, que permitiu que Japão e Coréia pudessem sediar juntos uma Copa do Mundo de Futebol e com regras que viabilizaram o jogo EUA x Irã em paz, demonstrou isto.
O risco maior nos dias de hoje está no egoísmo, ganância, desejo de poder, individualismo e curto prazismo que nos leva a quebra de regras e do bom senso e da convivência e nos leva ao crime organizado, quebra de empresas e destruição de nosso meio ambiente.
Eu creio que em poucos anos somente as pessoas e as empresas que atuarem com responsabilidade social, comunitária e ecológica e com atitudes éticas sobreviverão, assim como as nações que garantirem a liberdade e democracia através de governos representativos de suas comunidades.
O lucro é um indicador da eficácia empresarial e condição de perenidade da empresa. É apenas um indicador ou ferramenta e jamais o objetivo de qualquer que seja o negócio em que se atua.
O risco ambiental é um alerta para uma nova atitude proativa e colaborativa de cada ser humano, que é cada um agente de mudanças.
Daqui de Florianópolis, após 64 dias de chuvas ininterruptas, fica o desejo e a esperança que depois da tempestade venha a bonança, e mais responsabilidade no processo e obras de prevenção a catástrofes.
Estamos todos na Economia Real e precisamos atuar com produtividade, qualidade, eliminação de desperdícios, racionalidade e estratégias voltada às soluções aos nossos clientes. Não há mais como empurrar com a barriga e atuar com discursos fantasiosos.
O ano de 2009 será muito difícil e imprevisível e uma grande parte das empresas e negócios desaparecerá em todo o mundo (GM e Ford que o digam) e aqui não teremos com certeza uma simples marola. Estamos todos no mesmo bonde chamado terra.
Lembremo-nos de Garcia Lorca “Caminante no hay camino, lo camino se hace al andar”.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A liberdade

Creio ser este o maior valor da vida.
A capacidade de decidir, com consciência, o que fazer e como fazer.
Exercer esta escolha de forma adequada é usar a capacitação do livre arbítrio. É ser responsável pelos seus atos e conseqüências.
A sensação profunda de se pensar, querer e sentir livremente nos arremete ao diálogo e ao respeito ao outro.
Não haverá liberdade individual sem o respeito à liberdade do outro. É uma opção e decisão livre e um comprometimento com a liberdade dos outros seis bilhões e quinhentos milhões de seres humanos, que também são livres.
O exercício da liberdade nos deixa mais leves, mais atentos, mais flexíveis e mais conscientes a todos os processos que nos envolve a cada dia e nos fortalece a entender as pressões do dia a dia da vida e não ser delas vítimas.
A perda da liberdade pelo egoísmo, pela fé desmesurada, pelo consumismo, pelo poder, pelo lucro fácil, nos tira o prazer de servir, de conviver com os outros e nos escraviza a objetivos sem sentido.
A liberdade sem a igualdade de oportunidades e a fraternidade ao outro não pode ser apenas uma bandeira esquecida.
Quando me refiro ao ser livre, me refiro também às empresas livres e às nações livres.
A economia é a arte de eleger oportunidades. A sabedoria está não em saber poupar, mas em saber escolher” - Edmundo Burra (1729 – 1797) filósofo britânico.
As empresas que desenvolveram o seu pensar, querer e sentir estratégico de forma harmônica com o mercado livre a quem atendem, estão criando suas bases de sustentabilidade e perenidade.
As nações livres que tem em seus valores suas armas, sua força e o respeito dos outros estão em expansão.
Quando um povo sabe para onde vai. O mundo inteiro afasta-se para deixá-lo passar”. - Tadanobu Tsunoda, historiador japonês.
A democracia e a alternância de poder são caminhos para um bom exercício da liberdade
Talvez esta crise mundial que vivemos seja um momento para reflexões e uma excelente oportunidade para novas decisões pessoais, empresariais e de nação.
O que queremos e para onde iremos?
A resposta pode vir a ser uma boa estratégia.
Lembremo-nos
Crescer não é evoluir.
Crescer é ficar maior.
Evoluir é ficar melhor.
Que as reflexões do Natal e as esperanças de 2009 sejam inspirações para cada um de nós.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A confissão de Alan Greenspan, seu mea culpa

No dia 23/10/2008 em Washington no plenário do Congresso disse para o comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes (Câmara Baixa) e para a imprensa de todo o mundo, o então todo poderoso Presidente do Federal Reserve de 1987 à 2006 que “está em choque e não pode acreditar como os bancos e as empresas financeiras não se vigiaram e controlaram a si próprias, que é com o que ele e outros responsáveis de supervisão no governo contavam”.
Realmente, mais uma vez ele foi brilhante, transparente e direto.
As poderosas empresas Bear Steams, Fannie Mae, Banco IndyMac, Freddie Mac, Banco Lehman Brothers, Seguradora AIG, Golden Sachs, Marrill Lynch, Morgan Stanley, Washington Mutual e muitas outras que ainda quebrarão, se destruíram, se auto imolaram , enterrando muitas delas anos de tradição e levando para o túmulo poupança de fundos de pensão e reservas de países poupadores.
Foi a ausência de regulamentação a causa?
É claro que não. No meu ponto de vista.

Foi a cobiça desenfreada, o lucro fácil, a ambição desmesurada destas organizações.
Os problemas e as “causa mortis” não estavam fora e sim dentro, no âmago destas empresas.
Mas a causa origem disto está na ação humana, no egoísmo de executivos inescrupulosos que visavam apenas seu enriquecimento pessoal.
Os bônus fartos, salários milionários e participação direta nos resultados geraram um perfil de executivos que visam apenas lucro para si.
Boa governança cooperativa, sustentabilidade empresarial, postura ética e valores, respeito e resultados aos clientes e aos talentos da organização não eram seus objetivos, mas apenas imagens compradas para marketing por quem tem altos lucros. Criou-se um perfil de assassinos empresariais, chamados matadores de custos.
Pois este tipo de executivo foi e ainda é herói, capa de revistas de negócios e assuntos de revistas especializadas. Na revista Exame desta semana, identifiquei pelo menos três.
É meu caro Alan Greenspan, eu te entendo quando afirmas que não imaginaria que empresas deste porte agiriam de forma irresponsável e inescrupulosa, ao ponto de estarem se auto-eliminando e desaparecendo do mercado.
E estes executivos onde estão?
Na minha vivência e experiência de 40 anos de empresário e consultor de empresa ainda vejo muitos deles continuando e agindo assim, com o beneplácito de empresários, conselhos de administração e talvez acionistas, também, inconseqüentes senão inescrupulosos.
Deus nos livre deles.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Equilíbrio Dinâmico

Arthur Koestler quando nos brindou com sua Teoria dos Holons nos mostrou que o único equilíbrio que existe é o equilíbrio de hoje. E o mundo está sempre em equilíbrio.
O equilíbrio de ontem, já não conta mais.
O equilíbrio de amanhã será novo e imprevisível, pois amanhã é um outro dia.
A velocidade das informações em tempo real e a globalização do sistema financeiro do mercado, queiramos ou não, já é uma realidade observável e patente.
O sistema financeiro hoje é universal e estabelecido de forma irreversível.
Os vasos comunicantes do dinheiro fluem entre si,quando por falta de crédito estes vasos se obstruem, temos o enfarto e há o risco de quebra do sistema, com o estrangulamento de toda a Economia.
Hoje todos os presidentes de Banco Central do mundo estão tentando manter o fluxo do dinheiro.
O que se tenta recuperar?
Que esforço se faz para manter o fluxo do dinheiro?
Uma coisa que se chama crédito.
Pois a falta de crédito é a causa do bloqueio das artérias do dinheiro.
Por que não há crédito? O que está nos levando a esta situação agora?
Aí vamos para a causa de tudo.
Não há crédito se não houver confiança.
O grande problema hoje é a falta de confiança, pois se quebrou o bom senso e a transparência ao se dar crédito fictício ou podre para se ganhar mais.
As entidades que ludibriavam as regras, já quebraram, falta ir atrás dos responsáveis pela fraude.
Vai se levar algum tempo até haver novas regras, se recuperar confiança, estabelecer-se crédito real e o dinheiro cumprir seu papel de poder de compra no dia a dia.
Aqui eu me lembro do que meu pai dizia: “Na vida para se dar bem é preciso ser malandro e rico”.
Ele explicava “A maior malandragem é ser sempre transparente e honesto. Ser rico é não ter dívidas financeiras, morais ou de favores.”
As empresas, independente de seu tamanho, idade ou ramo de negócio, que atuam com transparência, ética, dignidade, bom senso, mesmo que percam algo com a crise, terão agora a grande oportunidade do crescimento sustentável e como manter sua perenidade.
Haverá com certeza quebra de empresas e uma purificação no mercado.
O equilíbrio dinâmico de hoje é frágil, pois estamos atravessando a turbulência em direção a um mundo melhor.
Assim como no futebol , quando as regras forem claras e universais todos estarão participando sejam torcedores, jogadores, locutores, juízes ou gandulas. As regras quando iguais e fiscalizadas por todos recuperarão a transparência, a credibilidade e a confiança e quem estiver mais bem preparado deverá estar melhor no livre mercado.
Boa sorte a todos.