Nesse ambiente não há liderança e sim chefia e as decisões são centralizadas e discricionárias.
No ambiente do Estado existe a realidade aceita por muitos de que quem está com a caneta decide, manda e resolve por si e pelos outros. Assim se cria a política assistencialista, populista e o único objetivo do mandatário é continuar no poder.
Não há clima nem condições para que novas lideranças surjam, prevalecem os “puxa-sacos” e aproveitadores que adulam o chefe, o capataz, o gerente.
A criatividade, liberdade e solidariedade que só despontam em ambiente de confiança e diálogo não existem. Há a exaltação à figura de quem ocupa o poder absoluto e a censura a quem não concorda ou tem posição diferente vai se tornando feroz.
A ditadura de opiniões, pensamentos e pontos de vista vão criando um clima favorável ao cerceamento da liberdade. O grupo do chefe tende a ocupar espaço e poder e vai enfraquecendo as regras da boa governança e da evolução democrática.
O medo dissimulado vai minando as vontades e manifestações livres.
Nos ambientes empresariais e familiares a figura do dono da empresa ou do chefe da família é, também, impositivo e cerceia a liberdade, a criatividade e o livre arbítrio dos que querem evoluir, participar ou interagir.
Uma boa parte das famílias, empresas e países ainda estão nesse estágio da organização que foi fruto da Revolução Industrial do século XIX que gerou o conflito Capital x Trabalho.
A era mecanicista que ai nasceu vai se esvaindo aos poucos.
A luta de classes Trabalhadores x Patrões criou a gestão por conflito e o conflito maior foi a disputa se o capital ficaria sob o controle do Estado (Comunismo, Socialismo) ou se o capital ficaria nas mãos dos indivíduos (Capitalismo).
A luta ideológica se materializou em guerras e disputas e dividiu o mundo em dois blocos (Capitalismo x Comunismo) que levou a milhões de mortes nas sangrentas guerras e perseguições internas.
Com o surgimento da gestão participativa em uma filosofia Kaizen (melhoria permanente e continua) fundamentada nos processos de qualidade implantados nos anos 50 no Japão, que em 20 anos se tornou a segunda superpotência mundial (desde 1970), e a queda do Muro de Berlim em 1989 que exaure a disputa USA x URSS e gera um novo inicio de transformações no mundo ocidental.
A abertura econômica no inicio dos anos 80 na China e em seguida na Índia criam as bases para um processo que está transformando a Ásia no centro econômico do mundo.
No Brasil, que se fechou para o mundo em mercados cativos e expansão da economia estatal (principalmente na ditadura e no final do governo Lula), ficamos à margem da evolução mundial nas décadas perdidas de 80 e 90.
A abertura para economia globalizada e mundial com Collor e Itamar e a estabilização financeira com o Plano Real e controle da inflação no governo FHC geraram as condições para um crescimento sustentável.
O grande mérito do governo Lula foi manter Henrique Meirelles no Banco Central e dar continuidade a um equilíbrio financeiro e cambial.
Os grandes riscos hoje, as vésperas das eleições, são falar em Estado forte onde se leia grande e inchado, estatização da economia e descontrole financeiro, fiscal e cambial.
O mundo está seguindo na direção de um futuro evolutivo e democrático.
Falar hoje, em esquerda e direita, estatização da economia e se simpatizar com Chávez, Fidel e Ahmadinejad sem se conhecer as realidades destes paises (Venezuela, Cuba e Irã) e culpar os “loiros de olhos azuis” por tudo o que acontece, é sintoma de não se ter objetivos de governo e sim objetivos de se perpetuar o poder.
Nas empresas o risco é não investir na inovação de produtos e serviços, melhoria da qualidade nos processos produtivos e capacitação dos talentos através de um clima participativo e de formação de novas lideranças.
Nas famílias o risco é não integrar-se com os filhos através do diálogo, da compreensão de uma vida participativa e interativa.
O desejo de mandar é inerente a quem foi obrigado a obedecer, ele é muito forte em todos nós e reflete a era mecanicista do “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. O desejo de mandar é um risco de não se evoluir e não interagir.
O desejo de dialogar, interagir, participar, colaborar e construir nos leva a um ambiente harmônico, saudável e de respeito às individualidades na era da consciência que estamos iniciando.